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A SOCIEDADE DO ABSURDO

Foto do escritor: Antonio Carlos MachadoAntonio Carlos Machado

Um homem é sufocado numa viatura de polícia, de maneira cruel, premeditada, um ato de barbárie.

Não importa o seu nome, a sua condição civil, se é ou não um bandido ou um cidadão comum, importa o ato, quem o fez, sob que circunstâncias, por quê?

A cena repugnante, odiosa, nojenta, aconteceu em território brasileiro em pleno século vinte e um e me faz pensar diversas coisas.

Há quem vincule o comportamento da polícia, que é uma instituição que deveria funcionar, agir de maneira independente do governo, seja ele municipal, estadual ou federal, logo não é uma “Bolsonarice” ou qualquer outra coisa que o valha, não deveria pelo menos ser produto de uma doutrina ou ideologia política de governo.

Quantos tem esse discernimento? De que as instituições devem funcionar segundo preceitos que independem do viés ideológico de qualquer governo, seja ele de esquerda ou de direita, ou ainda será que fala aqui um ingênuo que imagina que o que deve ser, nunca foi ou nunca será dessa maneira?

A primeira pergunta que já me fiz outras vezes em outros episódios de matança indiscriminada ou de atuações no mínimo de caráter duvidoso de nossas polícias é:

Como anda o preparo de nossa polícia? Que tipo de pessoas, qual é o perfil de nossos policiais, como são recrutados? Que espécie de treinamento recebem?

Ouvimos dizer que a polícia existe para nos proteger, para proteger o cidadão de bem, mas quem classifica quem? E em que momento? E o que é pior de há muito sabemos que precisamos também nos proteger da polícia, por tudo que a mídia expõe e sabemos que a mídia expõe muito mais os casos negativos, os que mancham a imagem do policial.

Eu suponho que em condições ideais um servidor público deva ser testado e mais do que treinado deva ser formado para aquilo que se destina as suas funções e isso é claro que parece apenas retórica, que na prática tudo é diferente, e é, mas até que ponto essas distancias entre a prática e a teoria podem ser diminuídas?

Quem é o policial que nos protege? Atua de que forma, com que instrução? Que cursos frequenta? Em que ambientes transita? Será que recebe um salário condizente com os riscos e responsabilidades de uma tarefa dessa envergadura?

A verdade, essa mesmo que nós apenas deduzimos e intuímos, é que a polícia, assim como todas as demais instituições de estado, são reflexo de uma sociedade.

Uma sociedade que está se acostumando a naturalizar, a banalizar os absurdos, como este apavorante que culminou com a morte desse homem, um brasileiro, repito, não importa quem seja, um brasileiro morto por brasileiros numa atitude animal de pessoas.

Um reflexo de nossa sociedade que aos poucos vai perdendo a noção de ética, de humanidade e que naturaliza o desprezo pela vida, pelo respeito a vida, uma sociedade do absurdo.

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