Por mais que a vida nos mostre que essa dualidade platônica cheia de antagonismos e completudes, não exista todo tempo, porque não somos completamente bons nem completamente maus, nem sejamos mocinhos e bandidos é através dessa contraposição que gostamos de nos explicar o que julgamos saber e enlevar a quem nos ouve ou nos lê. O mito dos andróginos, seres perfeitos que eram ao mesmo tempo masculinos e femininos, com quatro membros e duas cabeças e que depois pela soberba de quererem ser iguais aos deuses foram separados e levam a vida a procurar seus pares, por isso o dito popular de que cada tampa tem sua panela ou a outra metade da laranja, coisas às quais nos acostumamos a crer, talvez porque alimente o sonho, mais um, da felicidade. O sentimento existe, subsiste, resiste, sobrevive e brota flor das pedras, sim em pequenas, em ínfimas lacunas e diante muita vez, dessa miudeza em espaço se torna proporcionalmente incomensurável, porque na extrema dificuldade se conhece o que é verdadeiro, genuíno e se não for perene, também não importa, cumpriu-se um ciclo, explicou-se uma estória, rica em suas contradições, até que um dia ela se renove, em outra lacuna, outra paradoxa contradição.
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